Quando em 1974/76, período do infame PREC, se iniciou o processo de nacionalização em massa, envolvendo directamente 253 empresas e/ou estabelecimentos, estendendo-se o mesmo a sectores tão diversos como o bancário, segurador, cervejeiro, industrias de base, produção e distribuição de electricidade, estar-se-ia longe de perspectivar que passado três décadas os efeitos da poeira revolucionária ainda produziriam efeitos tão nocivos.
Consequência das nacionalizações, o sector empresarial do estado (SEE) aumentou substancialmente de importância no conjunto da economia portuguesa, passando o peso no emprego a representar 19,3% em 1976. Chegados ao ano de 2010 o referido apresenta uma estrutura financeira débil, assente num passivo de cerca de 62 mil milhões de euros, e num capital próprio negativo na ordem dos 235 milhões de euros. É caso para questionar onde andaram os elementos de racionalidade económica que deveriam pautar o amplo sector público? É fácil, não constituem a essência do referido, aliando isto à ausência do sentimento de propriedade dos recursos públicos à constante procura de clientela politica e satisfação da mesma, o resultado é catastrófico.
Urge assumir definitivamente que a intervenção supletiva do Estado na vida económica é o caminho a seguir, que esse mesmo Estado deve assumir a função de garante do regular funcionamento dos diversos mercados livres em clima de atomicidade e deve igualmente fiscalizar as condições de funcionamento concorrencial. Intervém-se de forma originária onde se deveria intervir de forma supletiva e mantém-se funções caras e ineficientes onde não faz sequer sentido que a intervenção estatal esteja presente.
A real situação do sector empresarial público, isto é, um valor total de dívida bancária a rondar os 20% do Produto Interno Bruto (PIB), não pode compadecer com clientelismos partidários, ou com a utilização do SEE como forma de efectuar malabarismos orçamentais ou mesmo numa óptica de mero preconceito ideológico, não é admissível.
O Estado somos todos nós, ou talvez não.
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