Crise económica em Portugal
“Afinal os culpados somos nós”
Crise – eis o cenário da nossa economia.
Infelizmente chegamos ao ponto em que o português médio inicia a sua reflexão – leia-se, o abismo –, e não menos triste é o facto de ser necessário o alerta provir do exterior para gerar o interesse súbito de todos e mais uma vez EXIGIRMOS uma solução; afinal de contas, o que melhor sabemos fazer nestes últimos 36 anos, como refere Miguel de Sousa Tavares: exigir.
Standard and Poor´s não acredita em nós? Vejamos, segundo o jornal Expresso os portugueses são menos qualificados que os turcos, mexicanos e, surpreendam-se, os brasileiros! Já no que toca às entidades patronais possuímos a pior classificação da UE.
Com naturalidade se constata que as nossas elites ficam muito aquém do esperado: juntado esse factor à falta de formação para a vida cívica da população em geral resulta uma triste média de 60% de abstenção nas diversas eleições, questionando-se mesmo onde andam aqueles que com tanto afinco lutaram por um país livre e democrático.
Como se não bastasse, observando a população portuguesa, constatamos que 20% da mesma vive com menos de 407e mês, que possuímos a classe de gestores públicos dos mais bem pagos da zona euro, o que roçara a imoralidade, somos o país com mais quilómetros de auto-estrada por habitante de toda a UE, e estamos prontos a investir mais 1200 milhões para a reforçar. No mínimo, já chega para “olhar” para Portugal com um ar desconfiado.
Continuado a nossa análise, observamos que o comodismo se apresenta como uma característica patológica da nossa sociedade. Verifica-se um elevado grau de fraude na atribuição dos badalados subsídios de inserção social, a lenta motivação de algumas camadas da sociedade em procurar novo emprego após a fatalidade que o desemprego representa, a fuga aos impostos, e, principalmente, a fraca contribuição para o bem comum que, com as constantes greves, nomeadamente a greve dos transportes, representam uma penalização dura para a já fragilizada economia nacional. Complementando, junta-se a lentidão da justiça coligada com os ditos processos mediáticos, transparecendo desta forma um clima generalizado de impunidade que, por si só, contribui para a destabilização do país.
Não chegando o leque alargado de problemas internos, deparamo-nos com uma imposição de 120 mil milhões de euros referente ao apoio ao estado grego que comparado com o PIB português – tudo o que produzimos num ano, 170 mil milhões –, deixa no mínimo lugar a uma reflexão cuidada.
Em suma, se nos dizemos vítima de ataques das diversas agências de Ratting é porque possuímos inúmeras fragilidades que o assim permitem: quem é culpado?