domingo, 14 de julho de 2013
“País à beira-mar plantado de origem humilde e de grandes feitos, eis os Lusitanos”
Este texto poderia ser o início de uma epopeia de
exaltação da nação portuguesa, dos seus heróis e dos seus feitos, mas não,
deixaremos essa função camoniana a quem de direito pois a nossa história é
outra.
Segundo um general romano de nome Galba, no séc. I, existia, na parte mais ocidental da Ibéria, um povo muito
estranho que não se governava nem se deixava governar, seria tal general um visionário
ou profeta da desgraça? Certamente não, mas tal consideração mantém-se
plenamente valida e lúcida no séc. XXI.
Chegados a 2013 é de fácil afirmação que o
atual sistema politico português esta profundamente deteriorado, isto é, numa
vertente interna, os sujeitos políticos encontram-se descredibilizados por
editos pretorianos, leia-se programas eleitorais, não cumpridos e pelo
constante rotativismo anémico típico do sistema em que estamos inseridos, que
podemos rotular de constantes “mudanças na continuidade” do paradigma. Do ponto
de vista externo, a geração que se diz pai e mãe da liberdade, que brada aos
ventos ter adquirido a liberdade e inerente direito ao voto, em cada ato
eleitoral, esquece-se dos ensinamentos de Platão, a penalização pela não
participação na politica é acabar governado pelos inferiores.
Numa vertente global de análise, podemos de
uma forma simplória proclamar que D. Sebastião não voltou numa manha de nevoeiro,
proclamar igualmente que a espera inerte e comodista de que chegasse um dia também
não se revelou o caminho acertado, assim como acreditar que voltará nada mais é
do que autismo numa vertente de opinador de sofá, opinador este que aguarda que
chegue o grande salvador da pátria enquanto efetua zapping televisivo e pragueja
simultaneamente o lastimável estado do país procurando ser o velho do Restelo do
novo século. Cabe-nos hoje dar ouvidos à poesia pessoana sobre o rei desejado, “Minha
loucura, outros que me a tomem com o que nela ia”.
Quando se sente a cada recanto que a
palavra “querer”, palavra que deslumbra a sombra indecisa, foi substituída, materialmente,
por descrer, isto é, quando hoje se sente que existe um vazio de causas/convicções
pessoais e que as atuais instituições à muito perderam parte da sua
credibilidade, algo vai muito errado no caminho escolhido.
Desengane-se
quem ache que o problema de Portugal é puramente Económico, por de trás de cada
ciência ou instituição estão pessoas, pessoas essas que são o núcleo basilar da
criação e tomada de decisão das mais variadas vertentes ou matérias, empresas
ou órgão públicos, Constituição ou Código Civil, em suma o substrato de tudo.
Assuma-se de uma vez por todas uma cultura
de responsabilização, basta de paternalismos utópicos, o povo que elege políticos
menos competentes não é vítima, é cúmplice.
Ainda há tempo para um grande Portugal, um
Quinto Império espiritual. A verdadeira mudança reside ai, na base, no substrato,
na mentalidade, na forma de estar e ser, mudando a base, tudo o que dela
ramifica será um paradigma novo.
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