domingo, 6 de maio de 2012
“Pingo mais que Doce num dia improprio para diabéticos e claustrofóbicos”
Quando o dia do trabalhador se torna no dia do consumidor o
que será censurável, a escolha livre das pessoas de disporem da sua liberdade
intrínseca de efectuar as opções que mais considerarem racionais ou será o
facto de não comparecerem nas manifestações e greves convocadas ano após ano e assim
quebrarem os objectivos estipulados pelos sindicatos e os terceiro-mundistas
piquetes de greve?
Num país onde as questões ideológicas andam entre o corredor
dos lacticínios e o corredor das fraldas, isto é, onde a participação
politico-cívica é considerada uma actividade menor, onde o assumir de causas e
convicções seja algo residual e prontamente censurado sob o desígnio de
tachismo, onde a construção de princípios e definição dos mesmos seja coisa do
passado e onde o interesse nacional não mereça a devida ponderação, eis de
imediato a tentativa de politizar uma questão que a racionalidade económica
explica com clareza.
Parece de bom-tom desde já esclarecer que as maças rainetas
não possuem cor partidária, possuem apenas a sua própria cor, e como tal, será
de difícil compreensão que o grupo Jerónimo Martins apenas quis desafiar o
senhor Belmiro de Azevedo e não efectuar qualquer catequese ideológica, ou
melhor, apenas rentabilizar o investimento e obter a optimização dos
resultados, conduta típica e taxativa dos agentes económicos?
Onde está a coerência da argumentação quando se aponta
prontamente o dedo ao facto de se poder comprar leite, manteiga ou azeite a
metade do preço num qualquer supermercado e nada se diz da possibilidade de se
comprar um singelo Rolex num qualquer Shopping onde estão a trabalhar centenas
de pessoas no afamado dia? Não seria mais útil questionar o porque de estarem
encerrados os centros de emprego? Isso sim seria uma verdadeira forma de
enaltecer o “dia do trabalhador”.
Por um lado, a rentabilização dos parcos salários, dos que
se dispuseram da oportunidade de aproveitar a tão badalada promoção, certamente
permitirá a disponibilidade para se efectuar outro tipo de trocas comerciais ou
mesmo aforrar, por outro, a cadeia de supermercados Pingo Doce obteve uma
poupança significativa ao nível do investimento em marketing e uma liquidez considerável.
E o dumping?! Terá Jesus Cristo feito dumping a quando do milagre dos pães? Ab
initio não parece correcto dogmatizar a questão pois é por de mais linear, se
se verificou alguma violação das regras da concorrência as mesmas possuem a estatuição
respectiva. Numa análise mais
aprofundada e polida se chegará à conclusão que os protestos se deveriam focar,
isso sim, nessas mesmas regras e não em quem faz a ponderação
custo-oportunidade.
Contra factos não existem argumentos e o que é facto é que a
DECO não recebeu nenhuma queixa e que a revoltar se daria, aí sim, se a
promoção terminasse às 13h. Chega de falsos paternalismos.
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