terça-feira, 29 de janeiro de 2013
e que a multiplicação de pessoas
dispostas a assumir essa mesma representação é algo negativo, a mesma
apresenta-se como salutar pois permite a quem de direito efectuar uma escolha,
escolha essa que só existe quando se apresentam alternativas. Desengane-se
igualmente quem possui uma visão monopolista da representação, a nenhuma
pessoa, órgão ou instituição é atribuída reserva absoluta da defesa dos
interesses da comunidade pois em última analise cada um dos mesmos se
representa a si próprio e possui intrinsecamente legitimidade de defender as
sua posições e visão do que à vida em sociedade diz respeito. Ser representante
exige, ab initio, qualidades humanas.
Representar não passa apenas por ser se competente e conhecedor da matéria em
causa mas cumular essas características com a memória, memoria essa que não
permita deixar cair no esquecimento o “quê” e o “quem” se representa, como se o
representante perdesse a sua identidade pessoal e adquirisse uma identidade
colectiva, colocando todos os seus interesses pessoais e pré-compreensões num
segundo plano, sendo inclusivamente independente de si próprio. Ser
representante, na sua génese, difere de qualquer tipo de relação de amizade
pessoal ou de favorecimento particular que possa prejudicar o todo, prejudicar
o substrato, em suma, prejudicar duplamente, cada um e a generalidade.
A questão da
representação é a questão do poder na sua configuração moderna. Associada à
democracia, a representação apresenta-se como efectivação da soberania popular.
Onde se encontram os defensores dessa mesma soberania? Aquela geração que se
vangloria de ter obtido o direito de voto e, nos dias que correm, não hesita em
trocar o acto mais nobre de um cidadão por umas horas de sol numa qualquer
praia esquecendo dolosamente que o que melhor tem a oferecer à sociedade é o
poder das ideias.
Não é exigível que um cidadão médio seja o pináculo
do conhecimento politico, assim como não é pedido a um representante que seja o
arquétipo da perfeição, salutar é que as massas descontentes com a classe
politica portuguesa tenham consciência que a penalização por não participarem
na política é acabarem por ser governado pelos seus inferiores. Para se
construir uma pirâmide é necessário que a base seja solida, qualquer falha na
referida pode levar à queda do topo, mutatis mutandis.
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