"Crimes com armas de fogo, como 'carjacking', e as agressões a polícias aumentaram no primeiro semestre. A tendência geral, segundo números da PSP e GNR, é que a criminalidade geral subiu 1% em relação a 2008."
A criminalidade geral não regrediu no primeiro semestre deste ano, mantendo os níveis preocupantes atingidos em igual período do ano passado. Segundo uma análise de tendências, a que o DN teve acesso, feita com base nas estatísticas das duas maiores forças policiais, a GNR e a PSP, nestes primeiros seis meses de 2009 houve uma subida de um por cento dos crimes participados.
Embora só tenham sido tidos em conta dados provisórios de Janeiro a Maio, os analistas acreditam que o mês de Junho vai manter esta evolução. A estabilização dos índices de criminalidade significa que os valores alarmantes, em número de crimes, alcançados no ano passado, se estão a manter.
Os crimes que mais contribuíram para esta tendência foram, a subir, os crimes com arma de fogo, o carjacking, os assaltos a residências, os roubos a restaurantes, ourivesarias e outros estabelecimentos comerciais. Fontes destas forças de segurança destacam ainda o significativo aumento dos crimes contra os agentes de autoridade. As agressões, injúrias e desobediência aos polícias deverão atingir um aumento entre os 15 e os 20%. É ainda assinalada forte subida do fogo posto, na ordem dos 40 a 50%, em edifícios urbanos e áreas florestais.
Mas em sentido oposto estão crimes como os homicídios, cuja comparação com igual período do ano passado resulta numa descida de cerca de 40%. Na mesma curva descendente estão os assaltos a bancos, a estações dos correios e a postos de abastecimento de combustível. Todos com diminuições da ordem dos 30 a 50%. No crime de violação também se regista uma quebra em cerca de 15% e nos roubos por esticão uma descida de perto de 5%.
Os furtos de viaturas, sem a presença do condutor, deverão também situar-se na curva descendente, com valores entre os oito e os 10%. De salientar, segundo os mesmos analistas, a inédita taxa de recuperação dos carros roubados. Voltaram aos seus donos mais de 8000 viaturas, o que significa que foram resgatados aos ladrões cerca de 80% dos veículos furtados.
Em termos geográficos, em relação aos três distritos mais populosos, registar-se-á um aumento ligeiro na área de Lisboa, uma subida expressiva no Porto e uma descida em Setúbal, embora ainda não sejam avançados valores.
Politicamente, a manter-se e a confirmar-se esta tendência, não é uma boa notícia para o Ministério da Administração Interna (ver reacções ao lado). A estratégia do ministro Rui Pereira, em concertação com as polícias e com a coordenação do secretário-geral de Segurança Interna, Mário Mendes, tinha conseguido, pelo menos, travar a escalada sem precedentes da criminalidade que se registou em Julho, Agosto e Setembro do ano passado, trimestre em que foi atingido o maior pico de sempre. O crime violento subiu 16,8% e o geral atingiu os 11% de aumento. Esses níveis recuaram nos últimos meses do ano para os 10,7% de aumento na criminalidade grave e 7,5% na global. Em 2008, registaram-se mais de 1100 crimes por dia (total de 421 mil) e 24 mil foram violentos.
O DN pediu um comentário ao MAI, que não respondeu. Deputados do PSD, CDS e PCP manifestaram pouca surpresa com os dados. "Revela uma total falência do Governo quando decidiu congelar a admissão de efectivos, que faz com que entremos no Verão com menos agentes", diz Nuno Magalhães (CDS-PP). Fernando Negrão (PSD) diz que o "Governo recusou alterar a lei de política criminal, onde estão criados obstáculos para que o MP promova medidas de prisão preventiva"
In DN.
Triste vergonha nacional.
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